Admirável mundo novo: cloud computing transforma profissionais e modelo de negócios em TI/TELECOM

Antes de avaliarmos os reais efeitos do SDN – Software Defined Network – nas corporações e provedores de serviços, é importante entendermos se estamos nos deparando com um novo conceito ou se o SDN é uma forma de amplificar para o mundo virtual serviços de redes e aplicações que já existiam. Neste caso, isso seria feito por meio de acessos realizados a partir de qualquer dispositivo, em qualquer ponto do planeta que exista Internet. Esta discussão ainda está acontecendo.

Por Paulo Henrique Pichini, CEO & President da Go2neXt Digital Innovation

Go2nXt ARTIGOS 2013

Antes de avaliarmos os reais efeitos do SDN – Software Defined Network – nas corporações e provedores de serviços, é importante entendermos se estamos nos deparando com um novo conceito ou se o SDN é uma forma de amplificar para o mundo virtual serviços de redes e aplicações que já existiam. Neste caso, isso seria feito por meio de acessos realizados a partir de qualquer dispositivo, em qualquer ponto do planeta que exista Internet. Esta discussão ainda está acontecendo.

Qualquer que seja a resposta, o SDN é uma realidade e está revolucionando o mercado das redes. Isso vale para as operadoras e também para as corporações usuárias. Segundo um relatório do IDC produzido no final do ano passado, a oferta completa SDN (hardware, software e serviços) deve render 360 milhões de dólares em 2013. Até 2016, esse valor deve chegar a 3.7 bilhões de dólares. Esses números incluem tudo – da infraestrutura de redes e camadas de aplicações até soluções de monitoração e serviços profissionais.

Mais do que valores financeiros, no entanto, a onda SDN provoca profundas mudanças culturais em todo o mercado – mudanças que exigem reflexões e análises.

Um fato que chama atenção dos mais antigos neste mercado de tecnologia de informação e comunicação é que, com o SDN, as novas implementações e conceitos de virtualização de usuários e serviços estão 100% baseadas em software – não mais em hardware. Essa é uma das colunas dos conceitos por trás da oferta SDN.

Momento de transição

Estamos ainda numa fase de transição. Uma prova disso é que o Interop 2013 – evento realizado no início do mês em Las Vegas, EUA – mostrou empresas realizando lançamentos de super routers, switches, soluções de servers, telefonia e vídeo. Este é o caso, por exemplo, da Cisco, da HP e da Juniper, entre outros vendors. Mas todas essas empresas estavam, durante o evento, também anunciando estratégias baseadas em camadas de software – algo completamente alinhado com a tendência SDN. Portanto, o mercado segue oferecendo opções tradicionais, em hardware, e começa agora a apresentar ofertas SDN, em que a infraestrutura de redes é construída com recursos de software e uso extensivo de virtualização.

Essa camada (o SDN) é a responsável por gerenciar, orquestrar e provisionar recursos em diversos níveis da rede. Isso é feito por meio de camadas de software e protocolos que estão em processo de padronização – a meta do mercado é prover a interoperabilidade entre fabricantes diferentes sob uma plataforma transparente e até aberta como as de open source.

Este novo conceito vem gerando muitas discussões e enormes confusões no mercado. Para entender o momento que vivemos, é importante partir do princípio de que o SDN padroniza métodos, realiza o provisionamento de recursos e dá conta da definição de perfil de usuário. O SDN provê, ainda, a interoperabilidade entre aplicações, switches de comutação e orquestradores de fabricantes distintos.

Áreas de atuação do SDN

Para melhor compreender as áreas de atuação do SDN, vamos dividir o ambiente do usuário final em pontos cardinais. A partir daí, teremos cenários diferentes ao Norte e ao Sul do ambiente de TI (ou, se preferir, nas camadas mais altas e camadas mais baixas dos sistemas).

Ao Norte, onde encontramos a camada das aplicações, os orquestradores e os provisionadores de recursos de rede, o SDN traz controladores baseados em software que podem interoperar serviços e manter o perfil de direitos de utilização de cada usuário em aplicações diferentes. Este perfil é definido por ambientes gerenciadores, que estão no datacenter interno ou na nuvem e estabelecem de forma detalhada o que somos na rede. As grandes corporações já fazem uso destas definições de perfil e já entenderam que este tipo de investimento exige trabalho prévio de planejamento e entendimento do ambiente de IT e ainda das necessidades de cada usuário.

Uma vez definido e implementado, o usuário é reconhecido (por localização) em qualquer ambiente da corporação; esse reconhecimento é seguido da aplicação do perfil permitido pelas políticas de segurança da empresa. Estas características de presença individual na rede estão apontando para o rompimento das barreiras internas da empresa e começam a demonstrar que já estamos preparados para realizar esse reconhecimento também nos ambientes e redes publicas. O conceito de “presença”, aliás, é um dos resultados mais impactantes dos ambientes alavancados pelo SDN.

Ao entrar no hotel Mandalay em Las Vegas, a rede dialogava diretamente com meu smartphone, me chamando pelo nome, me dando as boas vindas e apresentando um menu de shows e restaurantes. Imagine o alcance de uma aplicação como essa – cada pessoa terá seu perfil e, conforme sua localização geográfica, irá receber informações específicas sobre cada lugar e/ou oportunidades que poderá encontrar. Isso vale para um shopping center, a filial de uma empresa, um aeroporto, uma casa de shows.

Virtualização das redes é essencial para o SDN

Naturalmente, uma aplicação como esta irá exigir novos recursos da camada de infraestrutura de comunicação – o Sul do ambiente de TI. É ali que encontramos as infovias e os provedores de cloud computing atuando para suportar o mundo novo. Entendo que os benefícios da virtualização de servidores e desktops não serão os mesmos, no futuro, se não acontecer, primordialmente, a virtualização das redes. Há uma relação direta entre a virtualização das redes e a bem-sucedida implementação dos conceitos SDN.

O SDN define novos mecanismos de tunneling e switching capazes de tornar transparentes redes físicas e lógicas. Isso tira a carga de servidores e roteadores, otimiza a performance e melhora a latência dos grandes ambientes de provedores. Os provedores de cloud têm estes mecanismos como chave para atender as demandas de seus grandes clientes quanto à performance, disponibilidade de banda e QoS. O SDN está distribuído e será implementado em plataformas de software sobre os diversos dispositivos da rede. Isso será possível porque, uma vez definido e padronizado o SDN, teremos fabricantes de hardware com ofertas independentes das implementações de comutadores (controladores) desenvolvidos em plataforma de software. Ou seja: o hardware será absolutamente massificado ou comoditizado. 

No Interop 2013, um dos pontos principais de discussão debatia se o SDN é um novo mundo ou simplesmente uma evolução do ambiente atual.

Irá o SDN engolir o mundo?

Há entre os adeptos da hipótese “novo conceito” gurus que dizem que o software vai engolir o mundo, uma forma deselegante de gerar polêmica e desviar a atenção do ponto mais importante destas movimentações: descobrir que benefícios os usuários e os negócios das empresas terão com o SDN. Considero esse ponto muito mais estratégico do que discutir se o SDN é novo ou representa uma evolução do que já existe no mercado.

Acredito que as corporações brasileiras ainda estão desenhando seus road maps de migração e evolução para a nuvem. Já estão cientes e confortáveis com a virtualização de recursos e aplicações. Essa visão, no entanto, ainda acontece de forma desconectada. Os planos de TI têm alocado pouca atenção na definição de perfil de cada usuário e suas necessidades na rede. A virtualização e a inclusão das áreas de negócios nos serviços virtuais e em nuvem aumentarão significativamente os volumes de negócios.

Esses são passos importantes para a perpetuidade das empresas e sua preparação para entrar sem barreiras no planeta ou nos negócios virtuais. Trata-se de uma tendência que já decolou – não há espaço para retrocessos. O SDN abre sim espaço para corporações, independentemente de seu porte e perfil estratégico, tirarem enorme proveito deste novo conceito e acelerarem absurdamente sua abrangência.

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